quinta-feira, novembro 18, 2004



FALTA DE CULTURA DEMOCRÁTICA A Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) decidiu pôr termo à publicação do “Semanário Académico”, o jornal oficial da Academia do Minho. O periódico, fundado em Setembro de 2000 por um grupo de alunos do curso de Comunicação Social da Universidade do Minho (Cristóvão Teixeira, Tiago Silva, Isabel Freire, Paulo Salgado e o autor destas linhas, entre outras pessoas), era o único semanário universitário português.

Na origem da decisão da direcção da AAUM estiveram as divergências com a direcção do jornal, devido à linha editorial da publicação. No entender da direcção da AAUM, o jornal era excessivamente crítico da sua actuação. Ou seja – e não é preciso ser muito inteligente para compreender isto -, estamos perante um acto de censura pura e dura.

Quando fundamos o jornal, há quatro anos atrás, fizemo-lo com o propósito de criar uma publicação independente a nível editorial. O “Académico” surgiu como um jornal ao serviço da Academia – ou seja, em prol dos estudantes -, e não da direcção da AAUM. O que nem sempre foi compreendido por alguns dirigentes, mais interessados que estavam em promover as respectivas imagens públicas (como se assim passassem a merecer o respeito e a consideração dos seus colegas e concidadãos…).

O que estes senhores não entendem é que a equipa do “Académico” quer praticar verdadeiro jornalismo, e não assumir o papel de reles “paus mandados”. Para certos dirigentes, ser independente e isento é o mesmo que ser contra. “Quem não é por nós, é contra nós!”, dizem estes aprendizes de político!

O verdadeiro jornalismo quer-se independente de qualquer poder político ou económico. É pena que a direcção da AAUM não tenha a cultura democrática necessária para compreender este princípio básico de qualquer sociedade democrática e civilizada. Penso que isto nos indica o tipo de pessoas que dirige o nosso associativismo, assim como o rumo que este tem tomado nos últimos anos.

Já quando era director do “Académico” – entre Setembro de 2000 e Março de 2002 -, se fazia sentir esta mentalidade absurdamente “pidesca”. Aliás, foi por isso que me demiti do cargo (e creio que algumas atitudes que então tomei em relação à direcção da AAUM serão agora melhor compreendidas…).

Perante este momento de injustiça porque os meus colegas estão a passar, só posso manifestar a minha profunda solidariedade e compreensão. E dizer-lhes que compreendo e partilho da sua justa revolta e indignação.

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quinta-feira, outubro 07, 2004



DURA PRAXIS, SED PRAXIS! A Praxe Académica nasceu nas universidades medievais, na sua maioria fundadas ou tuteladas pelas ordens eclesiásticas. “Praxe” deriva do latim “praxis”, que por sua vez tem origem no termo grego para “acção”. No latim, esta “acção” passou a significar a forma habitual de agir, o “uso” ou o “costume”. Em Portugal, a Praxe surgiu na Universidade de Coimbra (instalada em Lisboa durante alguns anos), sob a designação de “Investidas” ou“Caçoadas”, no início do século XIV. Entre outros preceitos, as regras da Caçoada estipulavam que os caloiros não poderiam andar na rua depois do anoitecer. Os que violassem essas regras seriam punidos pelos alunos mais velhos que, entre outros castigos, rapavam o cabelo dos caloiros infractores e batiam-lhes nas unhas com colheres de pau. Ao que parece, terá sido o próprio Rei D. Dinis a instituir a Praxe, como forma de manter a ordem entre os estudantes e, principalmente, entre estes e as populações de Lisboa e Coimbra.

Estes castigos e rituais da Caçoada, que por vezes assumiam extrema violência, motivaram várias intervenções das autoridades. Por exemplo, em 1727 o rei D. João V proibiu completamente as Investidas e as Caçoadas. Na origem dessa decisão do governo de Sua Majestade Fidelíssima, esteve a morte brutal de um caloiro de Coimbra, no seguimento de uma Caçoada particularmente violenta. Mais tarde, porém, a Caçoada voltou a ser praticada, transformando-se em “Praxe académica” (1). Em Portugal, a “Praxe” era então um costume exclusivamente coimbrão, cuja difusão pelo resto do país se deu apenas quando a princesa do Mondego perdeu o monopólio do ensino universitário (2). Ou seja, só se tornou uma “tradição” generalizada há relativamente pouco tempo, se fizermos a necessária comparação com a história secular da Praxe coimbrã.


Evolução e fundamentos da Praxe

Note-se que o termo “Caçoada” remete para a reinação à custa dos novos alunos. Com efeito, “caçoar” significa gozar ou divertir-se à custa de outrém, nomeadamente através da humilhação física ou psicológica desse alguém. “Investida”, por seu turno, remete para os grupos de estudantes mais velhos que vagueavam pelas ruas de Coimbra à “caça” de caloiros, recorrendo mesmo à violência física. Estes grupos foram os antecessores das actuais “trupes”.

É curioso verificar que, com o passar dos séculos, as “Investidas” e as “Caçoadas” passaram a denominar-se “Praxe Académica”, ao mesmo tempo que se encontrou uma nova justificação para a sua existência. Estes costumes deixaram de ser encarados como uma diversão dos mais velhos às custas dos mais novos (embora continue a ser uma forma de os primeiros demonstrarem a sua “superioridade”, dentro da “ordem natural” das coisas), para passarem a ser justificados pela necessidade de integração dos mais novos.

Ou seja, por um lado, a alusão directa à violência e à reinação - através dos abusos infligidos aos mais novos -, foi substituída pela invocação da “praxis”, i.e., dos usos tradicionais, e a própria violência física foi abandonada. Por outro, a Praxe passou a ser justificada com a necessidade de integrar os novos alunos. Neste percurso adivinha-se uma necessidade cada vez maior, por parte dos defensores da Praxe, de a justificarem aos olhos da sociedade. Assim sendo, os actuais defensores da Praxe pretendem que esta seja respeitada por duas razões: por ser uma “tradição” e por, alegadamente, ser o melhor meio de integrar os novos alunos.

A “ideologia” praxística assenta numa ideia base: os mais velhos possuem mais “sabedoria” e por isso merecem o respeito e a obediência dos mais novos. Ao lado do saber “oficial”, ministrado pela Universidade, existe o saber mundano, aquele que advém da experiência de vida acumulada pelos mais velhos.

Por um lado, existe um conjunto de rituais de iniciação na comunidade académica (o “baptismo”, etc), que integram o aluno recém-chegado. Esses rituais não são muito diferentes, na sua essência, de outros ritos de iniciação praticados noutros contextos, um pouco por todo o mundo, e nas mais diversas sociedades e culturas.

Por outro lado, os mais velhos personificam um “saber” que exige respeito e obediência. Exigências estas que se manifestam na “justiça da Praxe”(2) exercida pelos alunos mais velhos. Nesse sentido, os rituais da “justiça da Praxe” assumem-se como a forma mais eficaz de os alunos mais velhos demonstrarem a sua superioridade em relação aos mais novos. “Superioridade” essa que muitos novos alunos preferem não contestar abertamente, com receio de sofrerem o tratamento reservado aos “anti-Praxe”, que são publicamente identificados como tal, e se encontram impedidos de participar na vida académica.


Uma confraria iniciática?

A estrutura praxística torna-se quase uma confraria iniciática, uma vez que os seus membros têm de cumprir determinados requisitos para dela fazerem parte - neste caso, a obrigatoriedade de serem estudantes universitários e de se sujeitarem aos ritos de iniciação -, encontrando-se divididos em diferentes graus, consoante a antiguidade dessa mesma pertença. Como nas confrarias iniciáticas (3), a antiguidade confere o “saber” (gnosis), que aumenta à medida que o aluno ascende nos diferentes graus previstos no Código de Praxe. Quanto mais elevado é o grau, maior é o “conhecimento” acumulado pelo indivíduo e a reverência que, pelo menos em teoria, poderá esperar da parte dos colegas.


A Praxe e a ordem estabelecida

Ao impôr o respeito pela hierarquia e pela autoridade dos mais velhos, a Praxe transmite aos novos alunos a ideia de obediência à ordem estabelecida. Entre outras coisas, a Praxe é uma forma de transmitir a ideologia dominante aos novos membros da Academia. Além disso, as canções que se cantam nas “praxes”, por exemplo, reflectem as crenças dominantes e, por vezes, os preconceitos da nossa sociedade; nessas canções, é frequente o elogio do homem “garanhão”, a condenação moral da mulher “libertina” e a troça dos homossexuais.

É curioso constatar que os períodos históricos de maior fervor praxístico foram também os de maior estabilidade política. Por outro lado, as épocas revolucionárias e de luta social fizeram esquecer os costumes praxísticos. Foi o que aconteceu durante as lutas liberais do século XIX, e na década que sucedeu à instauração da Primeira República. Mais recentemente, entre 1961 e 1980, a Praxe voltou a cair no esquecimento, devido às lutas estudantis e à Revolução.

Essas épocas conturbadas foram marcadas pelo triunfo do individualismo e das ideias demo-liberais, o que explica o esquecimento a que votaram a ideologia praxística, com os seus valores de obediência à autoridade e à ordem estabelecida. Aqueles que se submetem à Praxe – voluntariamente ou não -, abdicam de uma parte da sua individualidade em prol daquilo que consideram ser o bem comum; os valores do grupo, do “clã”, sobrepõem-se assim aos direitos individuais que a nossa sociedade sacralizou. O que ajuda a explicar a polémica que hoje existe em volta da Praxe, e o extremar de certas posições que tornam impossível um debate sereno sobre o assunto.


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(1)- A palavra “Praxe” foi usada pela primeira vez neste contexto em 1863, e desde logo acompanhada pelo adjectivo “selvático”. Ou seja, fazia-se referência aos costumes “selváticos” dos estudantes de Coimbra. Com o passar do tempo, contudo, abandonaram-se os termos medievais “Investidas” e “Caçoadas”, vulgarizando-se a denominação “Praxe Académica”, ou seja, “costumes académicos”.

(2)- “Justiça da Praxe” são as “Praxes” que os alunos mais velhos aplicam sobre os mais novos.

(3)- Na maioria das confrarias iniciáticas (e sociedades secretas), a ascensão deve-se não apenas à antiguidade, como também ao mérito dos iniciados. No caso concreto da estrutura praxística, como não existem “provas” para ascender aos diferentes graus (à excepção dos rituais de iniciação a que os “caloiros” se têm de submeter), podemos dizer que a ascensão se deve quase exclusivamente à antiguidade da pertença à comunidade académica. Digo “quase exclusivamente”, porque o dirigente máximo – o “Dux Veteranorum”, ou o “Papa” -, é geralmente eleito pelos seus pares, sem que a antiguidade seja tida em conta (à excepção do facto de ter de possuir obrigatoriamente mais matrículas que os anos do curso).

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quinta-feira, setembro 23, 2004

OS "CHACAIS" Ao longo destes anos de vida académica, tenho assistido a cenas verdadeiramente tristes, especialmente na época das praxes. Não, estimado leitor, isto não é um qualquer manifesto anti-praxe; quero apenas falar da chacalidade – perdoem-me o neologismo - de certos praxantes.

Acredito que, tal como em tudo na vida, na Praxe deve existir bom senso, sentido de humor e bom gosto. Se estas três qualidades existissem na correcta medida, a imagem da Praxe seria hoje bem melhor. Além disso, será de esperar que os "praxantes" pretendam realmente integrar os novos alunos, o que nem sempre acontece. Com efeito, muitos se movem por segundas intenções... ora é desses "chacais" que pretendo falar.

Para muitos, o ano em que se “praxa” é o auge da popularidade na universidade, e também aquele em que mais se “engata”. E as caloiras, completamente desenraizadas e não raras vezes desorientadas, tornam-se um alvo fácil para estes pseudo-predadores sexuais.

Tenho visto doutores que descaradamente se aproveitam da ingenuidade das caloiras; conheço outros que, com mil e uma simpatias e sorrisos, temperados com oportunas ajudas e boleias, tentam “engatar” as novas alunas; e sei ainda de alguns que, sob a inócua designação de “padrinho”, procuram dar à palavra “afilhada” um novo significado. Acho deprimente esta mentalidade de “tudo o que vem à rede é peixe”, e que “as nossas caloiras são só para nós”.

Consideram-nas uma coutada privada, ficando muito indignados quando elas se envolvem com alunos de outros cursos, ou começam a formar o seu próprio grupo de amigos, já livres das pressões da praxe. Esquecem-se estes “doutores” que a Praxe serve para integrar as pessoas na Academia e não apenas nos seus cursos. Do mesmo modo, a Praxe não serve para os proselitismos mesquinhos que certos "grupinhos" tanto gostam de fazer.

No entanto, não sou contra as relações íntimas entre doutores(as) e caloiras(os), nem sou moralista ou ingénuo a ponto de pensar que as caloiras se deixam “levar” por serem “inocentes”, ou que por sua vez não se aproveitam dos “doutores”. Mas considero deprimente que, para alguns “doutores” e “engenheiros” - geralmente, aqueles que não têm grande vivência académica -, a praxe seja a única oportunidade de “engatar” raparigas.

Como chacais esfomeados, lançam-se sobre a “carne fresca” que entra na Universidade, desvirtuando o propósito da Praxe e prejudicando a integração dos novos alunos.

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quinta-feira, julho 08, 2004

O QUE NÓS QUEREMOS "Só má língua!", dirão alguns visitantes deste blog. Mas enganam-se os que assim pensam. Nós não queremos atacar pessoas em concreto. Nós não queremos insultar ninguém. Nós não queremos espalhar boatos e calúnias. Nós queremos, isso sim, denunciar a falsidade, a hipocrisia e a ilegitimidade do actual sistema associativo. Nós queremos um sistema associativo mais democrático e transparente. Nós queremos uma melhor gestão do património das associações académicas – leia-se, uma gestão verdadeiramente profissional. Nós queremos combater os lobbies e as camarilhas que se servem das instituições em proveito próprio, em detrimento dos interesses dos estudantes e do próprio ensino superior. E se, para tal, tivermos que dizer certas verdades e tocar em questões sensíveis, que assim seja!

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DESABAFO No blog do Movimento Unitário de Luta Académica, encontrei um texto de um alegado antigo colaborador da Direcção da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM), que constitui um tocante testemunho a respeito da verdadeira natureza do nosso associativismo. Penso que este texto retrata na perfeição a desilusão que muitas pessoas honestas sentem quando se apercebem dos interesses, das manipulações e da falta de transparência dos orgãos associativos. Não resisti, por isso, a aqui transcrevê-lo:

"(...) Este ano fiz parte da direcção da Associação..e agora simplesmente me recusei a concorrer outra vez porque a minha consciência assim mo ditou.

Não aceito que ponham no mesmo saco quem lá esteve e quem está a fazer por lá estar. Muitas das coisas que vi revoltaram me, entre elas a utilização dada às carrinhas da A.A.U.M. e o dinheiro gasto em telemóveis..ainda mais me revolta ver gente a concorrer naquela lista apenas com o intuito de ter 1 telemóvel e poder dizer "eu sou vice presidente disto e daquilo..."

E mais grave ainda é isto acontecer com gente que literalmente "caga" para os livros, preocupando se com os copos, "garinas" and so on!É um grande orgulho poder dizer que "fiz 1 cadeira este ano" com um grande sorriso nos lábios..é esta a competência que espero não ficar à frente da nossa academia!

Agora uma coisa vos peço: não sejais totalmente injustos ao dizer que não viram trabalho nenhum - muito do trabalho não tem a visibilidade de 1 enterro da gata ou de 1 recepção ao caloiro, mas ele foi feito e está lá: quer a nível pedagógico, desportivo,recreativo, whatever!

Por último, experimentem pedir a facturação dos telemóveis da associação durante este último mês..e experimentem interrogar a associação porque alugou um carro para o ENDA quando tem duas carrinhas, estando uma delas parada para o uso pessoal de sua ex.a. o Presidente..ah!já agora perguntem como se têm feito transportar os senhores candidatos para os eventos da lista!enfim..1 porrada de situações que dava para eu falar a noite toda..

Por isto resta-me dizer:força B!Têm o meu voto... Ass.: Congo"
(11/12/2003)

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quarta-feira, julho 07, 2004

REVISÃO DO REGULAMENTO ELEITORAL Creio que é necessária uma revisão dos Estatutos. E, nesse âmbito, devia fazer-se o seguinte em relação ao regulamento eleitoral:

- Aumentar o número de mesas de voto, à razão de, pelo menos, uma mesa em cada Complexo Pedagógico da Universidade do Minho.

- Ligar as mesas de voto a um terminal informático, de modo a controlar melhor os chamados "votos duplos".

- Retirar o direito de voto aos caloiros que, no caso da nossa Academia, são chamados a votar dois meses depois de chegarem à UM. É óbvio que não têm uma correcta percepção da situação e que são manipulados pelas listas. Muitos destes caloiros desinteressam-se pelo associativismo precisamente porque, mais tarde, adquirem consciência da forma como foram manipulados.

- Impôr restrições ao cacique à boca das urnas, realizando as eleições em locais em que este se torne mais difícil.

- Impôr limites quanto ao número de elementos colaboradores das listas. É intelectualmente desonesto afirmar que uma determinada lista terá 400 colaboradores... é impraticável e, também, uma forma de enganar o eleitorado.

- Alargar os prazos de campanha eleitoral.

- Alterar a forma de eleição da Comissão Eleitoral, passando os seus elementos a ser nomeados directamente pelas listas candidatas, em igual número cada uma (em caso de listas "fantasma", os elementos por elas nomeados deixavam a comissão).

- Aumentar o número de elementos da Comissão Eleitoral, para fazer face a um aumento do número de mesas de voto.

(CONTINUA)

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HISTÓRIAS VERÍDICAS (III) Quando era director do "Académico", a direcção da AAUM insistiu em mudar de paginador do jornal e criar um novo grafismo. Eu e os meus colegas concordámos, porque achamos que seria o melhor para o jornal. O problema é que o paginador vivia a 50 km de distância e os ficheiros tinham que ser enviados via email. Era (e é) um indivíduo competente e simpático, mas vivia muito longe. No entanto, lá nos conformámos e, com o tempo, conseguimos criar um método de trabalho eficaz. Todavia, alguns meses mais tarde, vim a saber que a direcção da AAUM tinha acesso ao jornal paginado ainda antes de nós, ou seja, da própria direcção do jornal! Recebiam-no via internet e liam-no antes de toda a gente...

Era uma versão moderna da censura prévia...

Depois começamos a alterar o jornal, já depois de paginado... claro que eles não gostaram (fizeram questão de mo transmitir), mas tiveram que engolir o sapo.

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HISTÓRIAS VERÍDICAS (II) Entre dois copos de cerveja, diz-me um dirigente de um movimento universitário: "O jornal académico deve ser dirigido pela direcção da associação, para que só diga aquilo que interessa". E acrescentou: "Há opiniões que não interessam".

E assim vai a liberdade de expressão na nossa Academia.

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HISTÓRIAS VERÍDICAS (I) Em plena Reunião Geral de Alunos para discussão e aprovação do Relatório de Contas de 2001 da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM), lê-se uma mensagem do presidente do Conselho Fiscal, encarregue, segundo a lei, de emitir um parecer sobre o Relatório de Contas elaborado pela Direcção:

"(...) O nosso parecer é o seguinte: Não podemos emitir um parecer, por falta de elementos".

Ou seja, a direcção da colectividade não forneceu ao Conselho Fiscal os elementos necessários à elaboração do parecer - leia-se, facturas, recibos, etc. Refira-se que as más línguas, por qualquer razão, atribuíram o facto de o presidente do Conselho Fiscal não estar presente na RGA a ameaças que teria recebido na véspera...

Todavia, quando parecia que o Relatório não podia ser aprovado por falta de um parecer válido, o presidente da Mesa da RGA interviu em socorro da Direcção. Perante a estupefacção geral - com a evidente excepção dos membros da Direcção, que manifestavam visível alívio - o presidente da Mesa da Assembleia Geral considerou válido aquele parecer, devido às palavras iniciais: "O nosso parecer é que...".

A sala irrompeu em gargalhadas e protestos... parecia uma anedota. E foi assim que, fazendo uso de uma singular forma de interpretar um texto, o Relatório de Contas foi aprovado sem todos os elementos necessários...

E assim vai a nossa associação académica...

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"HI HO, HI HO!" Um tal de "Puro Sangue" tem inundado as caixas de comentários deste blog com comentários ofensivos e outras provocações. Pelos vistos, o referido indivíduo recusa-se a assinar o que escreve, dando como única referência um curioso pseudónimo que tanto remete para uma raça cavalar (ou mular?), como para uma qualquer ideologia supremacionista. Mas adiante...

Pergunta-me ele: "Quem és tu? Que credibilidade tens tu? A quantas RGA's vais tu? Porque é que saiste do Académico? Porque é que o Impacto não continuou?? Falta de verbas!!!! Desvios.... não sei... mas gostava que comentasses."

Na verdade, eu não tenho qualquer obrigação de responder a provocações, ainda mais quando estas partem de um covarde que se esconde no anonimato. Todavia, e como não tenho nada a esconder, vou responder às questões que este sujeito me coloca.

Quem sou eu? Sou um estudante como qualquer outro.

Que credibilidade tenho eu? Não tenho nem mais nem menos credibilidade que tu ou outro estudante. Mas trabalhei, durante dois anos, juntamente com os meus colegas, para que esta Academia tivesse o único semanário académico português.

A quantas RGA's vou? Vou a poucas, porque as RGA's transformaram-se num circo. Não é preciso ser um génio para saber isso. Votações manipuladas, pareceres do Conselho Fiscal que não são pareceres ("O nosso parecer é: não podemos dar um parecer por falta de elementos"), etc. Contribuir para um circo e uma fantochada? Enquanto as coisas permanecerem assim, não, obrigado.

Porque saí do "Académico"? Porque a partir de determinada altura, passei a ser incómodo para alguns dirigentes. E porque, sabendo essas mesmos dirigentes que existia alguma "oposição" interna dentro do jornal à minha direcção, a minha situação tornou-se muito precária. Por exemplo, soube que a direcção da AAUM tinha convidado pessoas para me substituirem ainda antes de me demitir... sabendo isso, preferi sair pelo meu próprio pé, obrigado!

Porque é que o Impacto não continuou? Porque não tínhamos meios. As despesas rondavam cerca de 600 contos por mês, o que é manifestamente demasiado para um punhado de estudantes. "Desvios"? Mas como é que eu podia roubar o que me pertencia? Eu era um dos dois sócios do "Impacto", ou seja, era um dos proprietários. Aquilo não era uma associação, mas sim uma empresa.

Portanto, deixo um conselho ao "Puro Sangue" e companhia: abram os olhos e não acusem os outros com base em boatos e suposições.

Tenho adoptado uma postura crítica em relação ao actual sistema associativo, mas não ataco pessoas em concreto. Ataco o sistema, porque entendo que é ilegítimo, anti-democrático e propenso a que se verifiquem abusos. Acho que é possível construírmos um melhor sistema de representação dos estudantes; mais transparente, mais profissional e mais democrático.

P.S.: já agora, e a propósito da questão levantada pelo "Puro Sangue" & Comp.ª a respeito do meu papel na fundação do "Semanário Académico", recomendo uma visita ao catálogo geral da Biblioteca da Universidade do Minho, neste endereço. A Biblioteca possui todos os exemplares do "Semanário Académico", desde a sua fundação. Por causa disso, o meu nome consta do rol de autores das publicações ali guardadas.

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terça-feira, maio 25, 2004




DISCUTIR AS CONTAS?? Foi convocada uma Reunião Geral de Alunos (RGA) para o próximo dia 31. Da ordem de trabalhos consta a apreciação e aprovação do relatório de contas de 2003, o que corresponde ao último mandato de Vasco Leão enquanto presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM).

Mas porquê discutir as contas só agora, decorridos seis meses do termo do mandato? Segundo declarou em tempos o próprio Vasco Leão, não era adequado discutir as contas da associação na proximidade dos períodos eleitorais... não fosse alguém usar a contabilidade da AAUM como arma eleitoral! Livre-nos Deus Nosso Senhor daqueles sócios metediços que resolvem discutir assuntos relativos à gestão da associação, interrogando-se, entre outras coisas, porque é que a AAUM gasta 17 mil contos por ano em viagens e deslocações e não sei quantos milhares em telemóveis e carros alugados! Abre núncio!

Espero que nesta RGA que se avizinha, não se ouçam disparates como o proferido há alguns anos por um vice-presidente de Vasco Leão, que na altura me chocou e que passo a citar: numa RGA de discussão e aprovação do relatório de contas, esse vice-presidente disse alto e bom som que aquela assembleia não fora convocada para discutir as contas!

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quinta-feira, maio 20, 2004




CORAGEM O meu estimado colega António Larguesa, actual director do"Semanário Académico" (jornal de que tive a honra de ser fundador e primeiro director, no já longínquo mês de Setembro de 2000), parece ter perdido a cabeça, no editorial desta semana da dita publicação:

«(...) o que realmente me faz confusão são aquelas personagens que ocupam cargos de chefia ali para os lados da Rua do Forno [leia-se, o Administrador dos Serviços de Acção Social da Universidade do Minho, sedeados naquela artéria bracarense], e que se negam a prestar declarações a determinados jornais da academia por meras "manias da perseguição". Quando não há tentativas de censura pelo meio... Haja espírito democrático!»

Não conheço pessoalmente o Administrador dos SASUM, nem os factos que conduziram a estes desabafos do director do "Académico". No entanto, e tenha António Larguesa (A.L.) razão ou não, não posso ficar indiferente a esta sua postura destemida, ao atrever-se a criticar publicamente um dos pesos pesados da Universidade do Minho. Fico contente por verificar que, quando outros têm medo de livremente dizer o que pensam, o director do jornal oficial da nossa Academia não receia eventuais retaliações.

Creio que ao "Académico" apenas falta uma estrutura legal que lhe garanta a necessária independência e isenção face à Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM). Quer sob a forma de Organismo Autónomo, que sob qualquer outra capa jurídica que o proteja das tentativas de ingerência e manipulação por parte dos poderes associativos. Quando isso finalmente acontecer, sentirei que o meu sonho se cumpriu. E que o meu trabalho e de todos os colegas e amigos que comigo fundaram o "Académico" (o único semanário universitário do país), não foi em vão.

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