terça-feira, maio 25, 2004




DISCUTIR AS CONTAS?? Foi convocada uma Reunião Geral de Alunos (RGA) para o próximo dia 31. Da ordem de trabalhos consta a apreciação e aprovação do relatório de contas de 2003, o que corresponde ao último mandato de Vasco Leão enquanto presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM).

Mas porquê discutir as contas só agora, decorridos seis meses do termo do mandato? Segundo declarou em tempos o próprio Vasco Leão, não era adequado discutir as contas da associação na proximidade dos períodos eleitorais... não fosse alguém usar a contabilidade da AAUM como arma eleitoral! Livre-nos Deus Nosso Senhor daqueles sócios metediços que resolvem discutir assuntos relativos à gestão da associação, interrogando-se, entre outras coisas, porque é que a AAUM gasta 17 mil contos por ano em viagens e deslocações e não sei quantos milhares em telemóveis e carros alugados! Abre núncio!

Espero que nesta RGA que se avizinha, não se ouçam disparates como o proferido há alguns anos por um vice-presidente de Vasco Leão, que na altura me chocou e que passo a citar: numa RGA de discussão e aprovação do relatório de contas, esse vice-presidente disse alto e bom som que aquela assembleia não fora convocada para discutir as contas!

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quinta-feira, maio 20, 2004




CORAGEM O meu estimado colega António Larguesa, actual director do"Semanário Académico" (jornal de que tive a honra de ser fundador e primeiro director, no já longínquo mês de Setembro de 2000), parece ter perdido a cabeça, no editorial desta semana da dita publicação:

«(...) o que realmente me faz confusão são aquelas personagens que ocupam cargos de chefia ali para os lados da Rua do Forno [leia-se, o Administrador dos Serviços de Acção Social da Universidade do Minho, sedeados naquela artéria bracarense], e que se negam a prestar declarações a determinados jornais da academia por meras "manias da perseguição". Quando não há tentativas de censura pelo meio... Haja espírito democrático!»

Não conheço pessoalmente o Administrador dos SASUM, nem os factos que conduziram a estes desabafos do director do "Académico". No entanto, e tenha António Larguesa (A.L.) razão ou não, não posso ficar indiferente a esta sua postura destemida, ao atrever-se a criticar publicamente um dos pesos pesados da Universidade do Minho. Fico contente por verificar que, quando outros têm medo de livremente dizer o que pensam, o director do jornal oficial da nossa Academia não receia eventuais retaliações.

Creio que ao "Académico" apenas falta uma estrutura legal que lhe garanta a necessária independência e isenção face à Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM). Quer sob a forma de Organismo Autónomo, que sob qualquer outra capa jurídica que o proteja das tentativas de ingerência e manipulação por parte dos poderes associativos. Quando isso finalmente acontecer, sentirei que o meu sonho se cumpriu. E que o meu trabalho e de todos os colegas e amigos que comigo fundaram o "Académico" (o único semanário universitário do país), não foi em vão.

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quinta-feira, maio 13, 2004




GATA POUCO CRIATIVA A respeito do Cortejo Académico que teve ontem lugar em Braga (o ponto alto das festividades do "Enterro da Gata", a nossa "Queima"), pode ler-se na edição de hoje do "Diário do Minho":

"A criatividade ficou fora do cortejo académico de Braga. Os carros alegóricos, que ontem desfilaram pelas ruas, entre a Avenida padre Júlio Fragata e a Avenida Central, denunciavam pouco empenho dos estudantes em festejar o enterro da Gata.

Aqui e ali, em tom moderado, algumas críticas ao Governo, sobretudo à contenção orçamental para o ensino superior. A censura visava essencialmente o primeiro ministro Durão Barroso; Manuela Ferreira Leite, ministra das Finanças; e a sua colega de executivo, Graça Carvalho.

As poucas mensagens reivindicativas e de protesto evidenciavam igualmente algumas reservas de imaginação. Em dia de folia, as preocupações financeiras foram colocadas de lado, assim como os eventuais constrangimentos relacionados com as saídas profissionais.

“Logo se vê” foi a resposta de um dos alunos da Universidade do Minho (UM), confrontado com as dificuldades de colocação no mercado de trabalho.

A cerveja e a música reinaram durante todo o desfile, que também não primou pela organização. O Euro 2004 mereceu algum destaque, assim como as figuras que marcam a actualidade, no que respeita ao futebol.

Pela primeira vez, a Associação Académica da Universidade do Minho apresentou um carro alusivo ao lema deste ano “A gata fora de jogo”, que pretendia despoletar a contestação da academia às orientações da administração central.(...)"



Participei no dito cortejo e, realmente, a criatividade não foi muita. Os carros alegóricos foram feitos à pressa (o que se compreende, dada a agenda carregada da maior parte dos estudantes, com trabalhos e exames por fazer), e o slogan escolhido pela AAUM ("Gata fora de jogo") não teve grande adesão por parte dos estudantes.

Mais uma vez, as estruturas associativas limitam-se a cumprir o papel de comissões de festas; boas para organizar concertos e arraiais de bebedeira, mas sem qualquer capacidade para motivar os estudantes. E, como se não bastasse, assumem posições políticas em nome da classe estudantil, arvorando-se em detentoras de uma legitimidade e representatividade que, na realidade, há muito não possuem.

(a ler também a cobertura que o Público fez do Cortejo Académico).

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quarta-feira, maio 05, 2004




NOVOS COLABORADORES A partir de hoje, este blog contará com a participação de dois estimados amigos e colegas de curso: Hugo Real e Carlos Sousa. Entretanto, novas contratações serão anunciadas...

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terça-feira, maio 04, 2004

PRIVACIDADE Fiquei algo surpreso quando, recentemente, quis aceder ao serviço de pesquisa da Biblioteca da Universidade do Minho, e me foram pedidos dados de identificação pessoal. Com certeza que a universidade terá as suas razões para assim proceder, razões essas que desconheço e que até poderão ser legítimas... mas não deixa de ser um pouco desconfortável saber que alguém conhece as nossas preferências literárias e tudo aquilo que procuramos numa biblioteca... "Big Brother is watching you!"

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segunda-feira, maio 03, 2004




O JORNALISMO UNIVERSITÁRIO O jornalismo universitário constitui um primeiro contacto dos estudantes universitários com a prática jornalística. Esse primeiro contacto é particularmente importante para os estudantes de cursos de comunicação social e jornalismo.

Portugal conta com dezenas de jornais universitários, na sua maioria publicações mensais ou semestrais. Neste terreno, a Universidade do Minho é particularmente fértil; a nossa Academia pode orgulhar-se de contar com o único semanário universitário nacional, o "Académico", o quinzenário "UMdicas Jornal", e ainda o mensário "UMjornal". Há também dois projectos independentes, o "Universum" e o "Impacto", num total de cinco publicações periódicas. Além disso, subsistem numerosos jornais e revistas pertencentes a associações ou núcleos de curso, de periodicidade semestral ou mesmo anual, como a "RAE", a "Comum", o "JornalECO", o "Derectum", etc.

Perante esta proliferação de jornais universitários - e dada a importância que estes assumem enquanto "laboratórios de jornalismo" e complementos práticos de cursos por vezes demasiado teóricos - há quem pretenda regulamentar o sector, de forma a conferir-lhe melhores condições de trabalho e elevar a qualidade jornalística das publicações. Entre outras coisas, fala-se na criação de um cartão de jornalista universitário, que facilite o trabalho dos meios de comunicação social académicos e que os reconheça enquanto tal. Em meu entender, esta regulamentação só peca por atraso; há anos que devia ter sido feita.

No entanto, creio que tal regulamentação deve ser feita sem esquecer que a maioria das publicações universitárias são extremamente dependentes das instituições que as financiam (universidades, associações académicas, etc). Essa dependência deve-se a dois factores: em primeiro lugar, a maioria dos jornais universitários não têm departamentos comerciais encarregues da angariação de patrocínios e publicidade que lhes garantam a auto-subsistência. Privados da sua independência financeira, vêm-se obrigados a estender a mão à porta de quem detém o poder político/económico... e como diz o Prof. César das Neves, "não há almoços grátis"! Em segundo lugar, muitas publicações universitárias são institucionais, o que à partida significa que devem defender a imagem e as posições oficiais de quem as possui. Nesses casos, trata-se de orgãos oficiais de determinadas instituições, com uma linha editorial definida e condicionada pela sua própria natureza.

Tendo em conta estes factos, creio que a referida regulamentação deve procurar fazer o seguinte:

1. Apenas conceder o estatuto de jornalista universitário a quem provar conhecer e respeitar todos os princípios éticos e deontológicos do jornalismo. Caso contrário, os jornais universitários tornam-se escolas de maus hábitos.

2. Apenas reconhecer como orgãos de comunicação social os jornais cujas direcções não estejam "reféns" de poderes universitários ou associativos que possuam ou financiem o jornal. Ou seja, as publicações que possuam estruturas legais que lhes garantam independência editorial total perante quem os financia, de forma a que sejam realmente orgãos de informação e não de propaganda...

3. Criar estruturas a nível nacional que zelem pela qualidade, isenção, rigor e independência dos jornais universitários, condicionando por estes parâmetros o seu reconhecimento como orgãos de comunicação e a eventual atribuição de apoios estatais.

4. No caso das publicações institucionais, impôr a obrigatoriedade de estas se assumirem claramente como tal, mediante a publicação da sua linha editorial. Desta forma, impede-se que jornais institucionais se assumam como orgãos de informação geral, distinção esta que a própria lei já contempla, mas que tem sido "esquecida" por muitos, induzindo os leitores em erro...

Para terminar, gostava de lançar um repto a todos os "jornalistas" universitários: não "vendam" o vosso talento e a vossa dignidade. Lembrem-se que mais importante que publicar uns quantos artigos - e, para muitos, o que importa é publicar não importa onde, apenas para fazer currículo e criar "portfolio" - é exercer o jornalismo de forma verdadeiramente digna, isenta e independente. Não pactuem com a censura, pois o tempo dos "coronéis de lápis azul" já lá vai! Dignidade acima de tudo. Pois como dizia um velho amigo meu, "quanto mais um homem se baixa, mais se lhe vê o rabo..."

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A FARSA ELEITORAL Um recente inquérito organizado pelo Movimento Unitário de Luta Académica (MULA) revelou que cinquenta por cento dos estudantes minhotos consideram desnecessário votar para as eleições para a direcção da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM). O dito inquérito indica ainda que dos votantes nas eleições de Dezembro de 2002 (nas quais Vasco Leão foi reeleito para o seu terceiro e último mandato), 86,7 por cento desconheciam por completo o programa eleitoral das listas candidatas. Ou seja, votaram em determinadas listas sem saberem porque o faziam!

Todavia, não faltou quem pusesse em causa os resultados deste inquérito, fazendo uso de acusações mais ou menos veladas à seriedade dos autores do mesmo, ou contrapondo a estes números o facto de a direcção da AAUM ser, todos os anos, a da “continuidade”, como se isso significasse que os alunos estão satisfeitos com o actual estado de coisas.

Da minha parte, porém, creio que estes números são até muito modestos, pois estou convencido que o desinteresse e a abstenção atingem patamares bem mais elevados. A prová-lo estão mais de duas décadas de vida da AAUM; nenhuma votação contou com a participação de mais de 20 por cento dos eleitores. Ou seja, a percentagem daqueles não se interessam pelas questões associativas é claramente superior aos números do inquérito: pelo menos 80 por cento dos
alunos da UM não votam nas eleições e não parecem interessados em fazê-lo. Mais que qualquer sondagem, os números das eleições que tiveram lugar nos últimos 25 anos (!) são bem claros a este respeito!

Mas o que faz com que dos poucos que votam, 86,7% o façam sem saberem em que votam? Não é ridículo? Não é absurdo? E se o é, porque se mantém esta situação? A resposta parece-me óbvia: porque interessa a quem dela beneficia.

As eleições académicas padecem de um mal perpétuo, mal esse que em nada beneficia as instituições representativas dos estudantes e o próprio ensino superior. Trata-se do fenómeno do caciquismo; o dito consiste em arrolar o maior número possível de eleitores para as listas, em pleno dia de votação. Por isso as listas procuram “recrutar” pessoas conhecidas no meio universitário, especialmente aquelas que se tornaram conhecidas durante as praxes. E porquê?
Porque a esmagadora maioria dos eleitores são caloiros. Caloiros esses que são fáceis de persuadir e convencer (como é que um aluno que está aqui há apenas dois meses pode ter uma opinião formada sobre as questões associativas??). E
que, mais tarde, sabendo-se manipulados pelo cacique das listas, acabam por se desligar de tudo o que diga respeito à vida associativa. Daí a desconfiança e o desprezo que muitos estudantes nutrem pelas associações académicas e pelos seus dirigentes que, muitas vezes, não devem muito quer à inteligência quer à honestidade (com honrosas excepções, claro). Se o critério que preside à selecção de elementos para as listas candidatas é o da popularidade – tantas vezes efémera e circunscrita ao período das praxes - é normal que as direcções das associações académicas não primem pela competência.

No caso concreto da nossa Academia, o caciquismo reina. E a verdade é que nenhuma lista que se candidate pode fazê-lo sem recorrer a tais expedientes. São as regras do jogo, e aqueles que têm poder para alterá-las não o fazem porque a actual situação lhes convém. Aliás, foram eles que a criaram.

Não existe uma opinião pública académica. A maioria dos (poucos) que têm opiniões bem fundamentadas sobre as questões associativas estão ligados ou à direcção ou a grupos “opositores”. Assim sendo, a luta eleitoral não se trava no campo da discussão de ideias e projectos, mas sim no cacique à boca das urnas, na intriga de bastidores e nas lutas entre camarilhas palacianas.

Além disso, atrevo-me a dizer que existe um sério défice democrático na nossa Academia. Todos aqueles que ousam discordar – ou simplesmente não dizer amén – do clube que há pelo menos seis anos controla o meio associativo, são imediatamente ostracizados. Ou porque fulano é comunista, ou porque sicrano é gay, ou porque beltrano falsifica bilhetes para o Enterro da Gata…

A imparcialidade da informação académica é também ameaçada por este estado de coisas. Se o director do Semanário Académico (e aqui evoco a minha experiência pessoal), jornal oficial da AAUM, der muito tempo de antena à chamada
“oposição”, não faltará quem peça a sua demissão… é que algumas pessoas ainda julgam viver no tempo da antiga senhora. Com tais mentalidades, como é que poderá haver participação voluntária dos estudantes nas questões que a todos interessam? Alguém gostará de ser manipulado?

Que fazer então? Uma série de coisas: alterar os estatutos, impondo limites ao caciquismo e à manipulação dos caloiros; estabelecer métodos de gestão verdadeiramente profissionais, para que termine de uma vez por todas o circo das contas; impor limites de mandatos (e de matrículas!) aos candidatos a cargos associativos; garantir que os estudantes têm direito a informação isenta e independente… entre muitas outras coisas.

Espero sinceramente que a nova geração de estudantes saiba dar novo rumo à nossa Academia e ao associativismo português. Para que haja mais transparência, democracia e respeito pelas pessoas.

(artigo publicado na edição de Abril do "UMjornal")

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ESTE NOVO BLOG que agora se inicia tem por objectivo falar da vida académica na Universidade do Minho, na qual estudo há cerca de 4 anos, no curso de Comunicação Social. No entanto, serão abordadas questões relativas ao Ensino Superior em geral, pelo que este blog estará aberto à participação de todos aqueles que sonham com um ensino superior verdadeiramente de qualidade, sem políticas estatais demagógicas, corporativismos ultrapassados e irresponsabilidades legalmente consagradas. F.A.

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